31.1.07

Dúvida


"Tentar chegar até onde se enxerga, e não apenas até onde se vê"

"Esquivar-se das emoções condicionadas"

"E não resistir ao mundo"

No passado, o curso de psicologia aliado a leituras "auto-patrocinadas", conversas em mesa de bar, discussões em banco de praça, sarais, etc., me proporcionaram uma percepção interessante no que diz respeito a crença na palavra.

Concordo com as frases acima, aliás concordo plenamente com o que elas representam. Porém concordar com essas linhas requer um preço em comum (dentre vários outros): a dúvida. Agora, por exemplo, questiono (por favor não leve como crítica, e sim curiosidade): Esse alguém está falando aquilo que realmente sente/pensa/faz ou apenas usando de empatia e argúcia? Saberia ele ou ela o que significam essas frases? Vivenciaria esses pontos?

Enfim, saindo do cenário das perguntas, digo que é preciso deixar de acreditar, ou ao menos passar a questionar, para enfim iniciar a caminhada lenta por sobre os trilhos, esses trilhos, os trilhos citados nas três frases por exemplo. É a dúvida que separa o condicionado do - questionável - real, o que se enxerga do que se vê e principalmente: é a capacidade de duvidar que nos faz vivenciar o pleno e com isso "não resistir ao mundo". Duvidar, para mim, ao contrário do que costumeiramente pensam, não é algo ruim. Pelo contrário, é através da dúvida (oriunda da necessidade do saber) que surgem as grandes descobertas, as mais audaciosas perguntas e mais brilhantes retóricas dentre várias outras possibilidades.

Mudando um pouco o rumo da prosa, finalmente discordamos em algo: eu não subjugaria o que denominam espírito à matéria (não, não tenho religião é algo pessoal mesmo). Mas esse é um outro assunto que discutiremos em breve – assim espero.


Cuide-se.



Sim, eu poderia ter respondido normalmente, mas a questão foi providencial demais para ser ocultada.

Agradeço pela contribuição - talvez indireta - ao que me propus a fazer aqui.
Obrigada.

21.1.07

Au revoir


Desejo a você
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua Cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender um nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco Bolero de Ravel
E muito carinho meu

(Carlos Drummond de Andrade)


Como estou de malas prontas, Bahia de 23 a 29, resolvi furtar algo de quem escrever com muito mais propriedade, maestria e beleza do que eu, para desejar aos que ficam tudo de bom!

[Afinal não quero uma dor de consciência por não ter feito isso aqui antes, caso resolva virar eremita, morra na estrada, ou fique avessa à tecnologia (hahahaha brincadeira)].

Só mudaria três coisas: vinho branco por tinto, bolero de Ravel por qualquer tango de Piazzolla e crônicas de Rubem Braga por livros de Nietzsche (né?).

E acrescentaria várias:

Perceber o frio ambiente contrastar com o calor de uma lareira,
Espalhar velas e pétalas na casa inteira uma vez ao ano,
Ver Recife do Alto da Sé,
Sentir o Maracatu,
Comer tapioca com café,
Andar de mãos dadas sem que olhos maldosos te critiquem,
Ignorar as criticas dos olhos maldosos,
Nadar nu,
Abraçar ao pedir desculpas,
Tomar água de coco,
Dormir até ficar cansado,
Ter esperança e criticar a si mesmo qd ela faltar."

Au revoir



17.1.07

Gaveta (parte I)


Alheia aos últimos acontecimentos, num momento de pura insônia, ela me viu pensando sobre o "seu humano", sim o "seu humano". Remexendo em suas gavetas empoeiradas encontrou uma reflexão escondida sob as peças remendadas e maltrapilhas, igualmente esquecidas, a qual denominou reflexão sobre a auto-sabotagem. Lembrei dos meus 16 anos, ou seria dos "nossos" dezesseis anos?

Então ela continua com sua empáfia racionalizada:

"_Algo tão inerente ao "seu humano"... Câncer geralmente negligenciado e corrosivo. Felizmente é corruptível como a maioria das coisas do "seu humano": basta saber com quanto e de que jeito se deve subornar (...) a si mesmo. O mundo se apresenta de acordo com a nossa capacidade perceptiva – que é ensinada à maioria dos homens (senão a todos). Significante e Significado, lembra?"

"_Verás o mundo como uma grande ruína improdutiva, ou um terreno de possibilidades de acordo com tua capacidade perceptiva acerca da paisagem. E diante disso a auto-sabotagem se torna minha, e por ser desnecessariamente minha, posso torna-la inútil..."

Fui reler Vygotsky.

Enfim, talvez ela, eu, nós duas, não consigamos nos manter num mesmo pólo a vida toda (o que é bom para fins de aprendizado), mas sempre teremos a chance de alterar o caminho se, no vazio, lembrarmos da existência de um extremo oposto.



"Pollyannice"?

Não, racionalidade.



*O "seu" de seu humano tem significado igual a "senhor" além do significado literal.

15.1.07

Ratos

Quando penso que posso estar errada sobre certas conclusões
Que posso estar dramatizando negativamente meu objeto de estudo
Quando começo a tirar partes do que denominam armadura
Vem um ratinho branco e me olha de forma direta e desafiadora
Como se dissesse: "idiota, pare!"
A partir de hoje passarei a considerar os ratos.
Pelo menos não fingem ser homens.
Pelo menos não fingem.


Até onde vc desceria para conseguir o que deseja?
Até onde vai sua ambição?

14.1.07

Ela



Ela, que não ousaria tornar realidade o lúdico existente em teu corpo e sexo
Ela, que não se deixaria seduzir pela a anteposição das tuas sentenças características
Ela, que tingiria a face e o corpo com advertências preventivas acerca de ti
Ela, que não mais cultivava sequer pensamentos
Desnudou a pele lentamente em tua colcha de retalhos vermelhos
Onde, dizem, os espinhos adornam pétalas ainda vivas
Ela, que não ousaria transformar seu imaginário em realidade...
Foi tua... e de ninguém mais, naquela noite de passagens indiscretas e desejos conflitantes
Delicada noite de pulcras lembranças
Derradeira noite de belas recordações

...Adorável noite em que te tive.


Dk.

13.1.07

Mulher

"A pele existe para que não deparemos com as víceras e demais órgãos, para que acreditemos ser belos e apaixonantes ante aos olhos... a falsa virtude é a pele da alma".



Não se cubra da moral alheia, eu não busco perfeição
Não me fale sobre Nietzsche só pq eu gosto, eu não quero nem preciso de um clone
Não me rotule tão cedo, não seja pessoa comum
Não se faça superior, também defecas o que come.
Não jogue comigo; ainda que ganhe perderás uma rainha
Não critique o que desconhece, isso é ignorância
Não faça uma mulher sofrer, ser uma não é justificativa
E não cozinhe pra quem prefere comida crua, use a coerência.



Poderia ser mais bonito?
Poderia.
Mas aí não seria eu escrevendo.








11.1.07

Self



Hoje algumas respostas foram expostas resultando, claro, em perguntas ainda mais estranhas.
Triste o destino de quem ousa ir fundo demais, dos devoradores de si, dos "pseudo-destemidos-fuçadores".
Minha maior icógnita jaz em mim. As piores perguntas, as respostas mais camufladas, a grande rival, a melhor amiga.
Mas sigo tentando entender essa mulher que ora é menina, ora velha, ora homem, ora nem gente é.
De constante, só o fato de que ela é uma das raras que eu não negligenciaria.
Na verdade, a única - uma vez que faz parte da minha atual condição ser egoísta e dolorosamente honesta.
Nada de novo que eu já não saiba... no fim das contas.

Volto ao mesmo ponto - ou pelo menos, tenho essa sensação.
Não entendeu lhufas não é?
É que não era pra vc desta vez.
É pra mim.

Aliás
Sempre é.





7.1.07

Memento


Algumas pessoas sentem mania de estepe, não amor.
Elas reaparecem quando precisam de ti,
e desaparecem quando tu precisa delas.

Guarde isso darling (e lembre-se de não generalizar).