22.3.07

Pérolas do vestibular 2007

1) Lavoisier foi guilhotinado por ter inventado o oxigênio.
(Já imaginou?)
2) O nervo ótico transmite idéias luminosas ao cérebro.
(Se o cara é obtuso, o nervo dele deve transmitir idéias sombreadas, não é mesmo?)
3) O vento é uma imensa quantidade de ar.
(Que coisa! Não tinha pensado nisso.)
4) O terremoto é um pequeno movimento de terras não cultivadas.
(Só faltou completar que esse movimento é um braço armado do MST.)
5) Os egípcios antigos desenvolveram a arte funerária para que os mortos pudessem viver melhor.
(Nada mais justo. Não dá para viver a eternidade desconfortavelmente)
6) Péricles foi o principal ditador da democracia grega.
(Isso. E Stalin foi o principal seguidor de Mahatma Ghandi...)
7) O problema fundamental do terceiro mundo é superabundância de necessidades.
(A criatura que escreveu isso deve ter raciocinado com a própria abundância e não com o cérebro.)
8) O petróleo apareceu há muitos séculos, numa época em que os peixes se afogavam dentro d'água.
(Sim, isso foi no mesmo período geológico em que as aves tinham vertigem e as minhocas, claustrofobia.)
9) A principal função da raiz é se enterrar.
(Impressionante!)
10) O sol nos dá luz, calor e turistas.
(Esse, com certeza é carioca).
11) As aves têm na boca um dente chamado bico.
(Fiquei de queixo caído! Ou melhor, de porta-bicos caído.)
12) A unidade de força é o Newton, que significa a força que se tem que realizar em um metro da unidade de tempo, no sentido contrário.
(O relógio desta anta deve ter cm, m e km.)
13) Lenda é toda narração em prosa de um tema confuso.
(Entendeu né? Todo discurso de político é uma Lenda.)
14) A harpa é uma asa que toca.
(Imagine a definição dele para Trombone de Vara... )
15) A febre amarela foi trazida da China por Marco Polo.

(Se Marco Polo tivesse viajado aos EUA traria a Febre Vermelha, dos índios...)
16) Os ruminantes se distinguem dos outros animais porque o que comem, comem por duas vezes.
(Este é um grande observador da própria família)
17) O coração é o único órgão que não deixa de funcionar 24 horas por dia.
(Imagine o alívio que senti ao ler isso.)
18) Quando um animal irracional não tem água para beber, só sobrevive se for empalhado.
(Deve ter sido o destino do autor da frase.)
19) A insônia consiste em dormir ao contrário.
(Perfeito. Morte é viver ao contrário, não é?)
20) A arquitetura gótica se notabilizou por fazer edifícios verticais.
(Melhor pular essa...)
21) A diferença entre o Romantismo e o Realismo é que os românticos escrevem romances e os realistas nos mostram como está a situação do país.
(É... E ainda faltam várias para comentar...)
22) O Chile é um país muito alto e magro.
(Confundiu o Chile com o nosso ex-Vice-Presidente, Marco Maciel.)
23) As múmias tinham um profundo conhecimento de anatomia.
(Para mim, a mais "marcante" de todas.)
24) Na Grécia, a democracia funcionava muito bem porque os que não estavam de acordo se envenenavam.
(Pensando bem, não é má idéia. O difícil é convencer as pessoas).
25) A prosopopéia é o começo de uma epopéia.
(E uma Centopéia deve ser 100 Epopéias.)
26) Os crustáceos fora d'água respiram como podem.
(Coragem, faltam poucas).
27) As plantas se distinguem dos animais por só respirarem a noite.
(Que perspicácia! )
28) Os hermafroditas humanos nascem unidos pelo corpo.
(E, os Xifópagos são indivíduos bi-sexuais...)
29) As glândulas salivares só trabalham quando a gente tem vontade de cuspir.
(Bem, já cheguei até aqui...)
30) Os estuários e os deltas foram os primitivos habitantes da Mesopotâmia.
(Que que é iiiiiiisso ??????? )
31) O objetivo da Sociedade Anônima é ter muitas fábricas desconhecidas.

(O Tráfico de Drogas é a maior das S.A's. Mas a frase seguinte é ainda pior...)
32) As Sociedades são Anônimas por que seus sócios não precisam de mostrar carteirinha.
(O "não precisam de mostrar..." só não é pior do que o surrado bordão da moçada: "tipo assim...")
33) A Previdência Social assegura o direito a enfermidade coletiva.
(Faz sentido. O seu Plano de Saúde só servirá na ocorrência de epidemias, não é?)
34) A respiração anaeróbica é a respiração sem ar que não deve passar de três minutos.
(Meu medo é descobrir que um quadrúpede desses foi meu aluno...)
35) O calor é a quantidade de calorias armazenadas numa unidade de tempo.
(Fala a verdade. Não te dá uma sensação de vazio, impotência...?)
36) Antes de ser criada a Justiça, todo mundo era injusto.
(Graças a Deus, essa foi a última....)

Os comentários foram dos professores durante a correção. Ok o texto é bobinho, mas diverte - além de preocupar.

20.3.07

Ano Novo


Oficialmente, no calendário das influências energéticas naturais, o ano começa hoje juntamente com o desabrochar das flores.

Na verdade essa tese diz respeito à relação entre astros, planetas, energias e pessoas... em resumo: a influência recíproca entre a energia da natureza e a energia humana – coisa que muita gente não acredita.


Não posso dizer que defendo com garra esta questão do dia, mas, entre acreditar na energia inerente a uma data político-religiosa que homens estipularam (1° de janeiro) ou na energia inerente ao início de um período em que a natureza se manifesta (20 de março), eu fico com a segunda opção.

Segundo o calendário astrológico, esse é o ano das grandes realizações, dos projetos, das conquistas. Escolha as suas e vá em frente.


Prioridades em meu novo ano? família e profissão - não necessariamente nessa ordem. O que vier além disso é lucro, não meta.
beijo

13.3.07

Eu sei, mas não devia

Eu sei que a gente acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acotuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíches porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir a janela e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita não acreditar nas negociações de paz. E não aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acotuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com o que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes, a abrir as revistas e ver anúncios. a ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema, a engolir a publicidade. A ser instigado, desnorteado, lançado na infindável catarata de produtos.A gente se acostuma à poluição. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às besteiras das músicas, às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À luta. À lenta morte dos rios. E se acostuma a não ouvir passarinhos, a não colher frutas do pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda satisfeito porque tem sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para prezervar a pele.Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.

A gente se acostuma para poupar a vida.Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.

(Marina Colasanti)

12.3.07

Vovó

Tracei minhas linhas e vida da maneira que julguei mais sensata e madura. Ansiava dar aos outros o mínimo de trabalho e a mim, o máximo de independência. Andei por curvas tortuosas e estradas escuras – algumas fáceis outras complexas. Mas até então tudo isso foi por escolha – consciente ou não – minha escolha.

Agora a vida me faz deparar com a certeza absoluta dos homens, a grande certeza num mundo tão incerto, um caminho que ate então me soava teórico, o primeiro grande adeus, a maldita dos homens, a senhora das más notícias: a morte.


Aos poucos assisto a despedida daquela que me viu nascer, que me afagou nos braços e me ensinou tantas coisas. A matriarca de nossa família, a senhora de tantas histórias, a grande mãe mais velha, que agora, talvez sem saber, me ensina na prática a mais importante das lições aprendidas: o desapego.



Não partilhem minha dor, ela é necessária. Peço apenas uma oração por minha avó, para que se for da vontade da vida ela possa ir em paz. Fiquem com Deus.

5.3.07

A saber



Acho que finalmente tomei por favorito um personagem nas crônicas Riceanas. Lestat? Não, não, meu personagem ainda não é protagonista de um livro inteiro – protesto muito por isso inclusive. Marius, o romano: eis a figura dramática mais apaixonante em minha opinião.

Invejo sua imortalidade, pois partilho de uma de suas sedes, contudo, diferente do vampiro, não comungo do tempo nem da liberdade necessária para supri-la totalmente. E que sede seria? Bem, tenho olhos e alma famintos. A necessidade de conhecer, compreender e apreender o mundo é algo que grita sob minha íris. E o desejo de vivencia-lo e sugá-lo até uma possível overdose me é inerente à alma. Marius, segundo a crônica, partilha de algo parecido – por isso a minha alusão venerável.

No livro, Rice descreve que o mesmo caminha entre os homens desde o império Romano até os dias de hoje... agora respirem e reflitam as possibilidades. Imaginem a quantidade de conhecimento que esse ser agregou ao longo dos séculos, os lugares a que teve acesso, as diferentes culturas e saberes que presenciou? Que possibilidade extraordinária seria! Sim, eu o invejo muito neste ponto – e apenas neste.

Mas enfim, como não sou imortal – ao menos meu corpo não o é – faço de minha condição humana uma justificativa mais do que plausível para dedicar-me continuamente à satisfação de minha sede. Que venham então os livros para alimentar meus olhos e imaginação enquanto ainda não posso banquetear, de todo, minha "sedenta" alma.



Para saber mais sobre “Marius” sugiro O Vampiro Lestat, de Anne Rice ou A Rainha dos Condenados (que também faz alusão ao mesmo).

2.3.07

Confidência II


Eu já não gosto mais de ouvir fado porque me lembra Portugal
Não gosto mais de olhar pra cima
Não gosto nem mesmo de Recife (?!)
Não aprecio mais o que ontem chamava de “necessária solidão”
E tudo isso porque meu egoísmo te quer por perto.

Tua presença me fez recordar o que há muito esqueci possuir
Tua ausência me dói, como dói a falta de inspiração a um artista
As estrelas me falam sobre uma realidade lusitana que não comungarei e isso me desola
Minhas introspecções incomodam se não posso partilhá-las contigo
E tudo isso porque meu egoísmo te quer por perto.

Penso em tuas palavras ao deitar, enquanto leio, enquanto escrevo, estudo, observo
Penso que seria incrível sorver a abstração do mundo antigo ao teu lado
Conhecer cidades, desvendar mistérios, culturas, histórias, valores, diferenças.
Penso que tudo isso seria possível com ou sem ti. Mas sem dúvida preferiria ao teu lado.
E tudo isso porque meu egoísmo te quer por perto.

Partilharíamos de nossas introspecções, medos, experiências, sonhos, impressões
Para cada traço celeste duas opiniões diferentes e encantadoras
Discussões acaloradas e apaixonadas sobre tudo o que se sente diante daquilo que se vê
Sobre tudo aquilo que nos é subjetivamente análogo e distinto

Sim, meu egoísmo te quer por perto.