17.9.07

Por isso...

Aos que acompanham minhas palavras

1) Nem sempre escrevo sobre o hoje exatamente hoje – nem sempre escrevo sobre o meu hoje. Hoje pode durar um dia inteiro, uma vida inteira, alguns segundos ou nada disso. Por isso não me cobre coerência.

2) Ofertei a mim mesma o direito de escolher ter vários caminhos para um mesmo objetivo. Não sei, e possivelmente nunca saberei qual o certo. Mas posso afirmar que existe o sincero desejo de descobrir. Não me cobre coerência.

3) Eu sei contar piada – sei até mais de uma sabia? Por isso se você topar comigo pessoalmente e lembrar-se desse blog, não me cobre coerência.

4) Por fim, contradição é a mais antiga das artes, por isso não me cobre coerência.

16.9.07

Sentimentos de carne e osso

A condição era existir até o presente momento, apenas existir diante dos meus sentidos. Isso me bastava, me inspirava, me aquietava. Por muitos anos segui o lema da “superficialidade das coisas abrolhando profundos pensamentos”. E como escritora frustrada era feliz assim (acho), mas como mulher não.

Meu atrevimento humano, cada vez mais insolente, aos brados declarou guerra. Sinto o calor de o seu alento ecoar acompanhando os versos de soberbo desespero. Percebo que minha alma quer profundidade também nas coisas. Não quer mais interpretar, quer sentir. É como se agora ela precisasse disso como, talvez, jamais necessitei.

Ambiciono um tipo diferente de inspiração vital - tipo que ainda desconheço, mas sei de onde pode vir.




Preciso caminhar com mais freqüência entre gente de verdade - por dentro e por fora delas. Preciso de sentimentos de carne e osso.

13.9.07

Solteiro



Acima das acepções que essa palavra possui, solteiro(a) me remete a “solto”. Descompromissado, desgarrado e a maioria das assertivas que fazem referência a liberdade.

“Solteiro” não faz alusão à solidão em meu contexto e por isso, talvez, não me apegue com tanta facilidade – haja vista que tal palavrinha teima em traduzir algo positivo.

Refletindo um pouco mais sobre o tema, cheguei à conclusão óbvia de que posso ser mal interpretada por pensar dessa forma – aliás, sou mal interpretada por isso.

Os que associam a palavra à promiscuidade me apontam – o que é engraçado uma vez que a interpretação deles não é a minha (sendo assim, quem é o promíscuo afinal?). Uma pena que me vejam dessa forma, uma pena mesmo.

O fato, é que eu não entraria num relacionamento sem um mínimo de amor atualmente. Se para algumas pessoas eu sou um dos seres mais frios, complexos, insensíveis e por que não dizer, "indiferentes da face da Terra" devido a isso... Paciência.



(calma, o conto das 3 Marias tem continuidade sim)


9.9.07

Ela, eu, nós.



Existem, pelo menos, duas mulheres alicerçando esta que agora redige aos senhores. Uma conta as histórias, a outra as vivencia – mas nem sempre.

Antes que pensem, não se trata de um caso de múltiplas personalidades ou de um enredo medíocre para filme de terror barato. Elas, as tais, não me fogem a consciência. Elas se reconhecem, eu as reconheço, todas são uma só, sou eu.

[Confuso?]

Seria um caso de natureza versus comportamento, id versus superego? Intrigante.

Por fim, a quantidade é irrelevante. A razão que me motiva a registrar essa “consciência” reside nas características das mulheres que possuo - e posso ser. Ter várias mulheres dentro de si é fácil, difícil é manter-se “pessoa coerente” com tanta disparidade.

Felizmente, aos poucos percebo maneiras para diminuir a dessemelhança entre uma e outra. Quem sabe um dia meu discurso fique mais coerente, preciso e homogêneo...



Será que algum ser humano é capaz disso?

29.8.07

Comentário



Não é impressão, eu mudei de assunto e larguei o conto no bolso.
[Não estava mais espontâneo.]
Quem sabe um dia ;)

Bonjour.


Indicação - só me remete aos papos das meninas da faculdade: surreais, mas divertidíssimos:
www.patifariatotal.blogger.com.br

Saramago

"Então deixe-se ficar comigo, que me sinto a flutuar, como se não tivesse a certeza de ser o que julgo ser,
Às vezes penso que talvez fosse preferível não sabermos quem somos..."

(José Saramago - A caverna)



http://sabotagem.revolt.org/sites/sabotagem/files/saramago_a_caverna.pdf.

27.8.07

Alegría

Cirque Du Soleil "Alegría"
Ontem a noite, nada de sono, ligo a tv no fantástico e deparo com uma parte da apresentação de "Alegría" do Cirque du Soleil. Após um rompante de emoção e total "abobalhamento", concluo: é tão lindo que até os palhaços me fariam chorar.

Alguém me convida pro Rio de Janeiro?

24.8.07

O Conto - I parte

[Num café próximo...]


Com sofreguidão estava sua mão esquerda a tatear em busca de um lenço ou algo parecido. Não encontrou. Teria que embrenhar-se naquele entrave sem disfarce, concluiu. Era preciso sair da aglomeração antes que suas reservas desfalecessem.

Imersa em angústia, mal calcula o susto: eu estava a poucos metros, atônita, vendo tudo. Justo quem não deveria, quem jamais poderia - por ser uma das poucas pessoas que sabe, ainda, ler suas emoções - estava ali diante daqueles fortes olhos avermelhados – quase secos tamanha a determinação em não lacrimejar. Imagino o que se passou dentro daquele corpo naquele segundo.

Tomou a bolsa nas mãos como quem toma uma bóia no meio do oceano, cerrou os olhos, despediu-se de um amigo em comum que a acompanhava, pagou o café e saiu dissimulando altivez - exatamente nessa ordem.


[Uma última olhada em minha direção antes de deixar o espaço. Deu de ombros.]


Felipe, o amigo em comum, me arrancou do choque ao pousar a mão sobre meu braço – sequer percebi sua aproximação. Nos falamos brevemente, comprei meus cigarros e fui embora. Saí dali tão zonza que, acredito, devo ter sido guiada por forças maiores para não cair da passarela ou ser atropelada a caminho da faculdade. Estava absorta na primeira frase dita pelo moço:

_ “...Falávamos sobre você ainda a pouco”.



(...)

21.8.07

Conversa comigo mesma

Engraçado como alguns momentos parecem eternidades e algumas eternidades tornam-se efêmeras em frações de segundo. Em horas assim me vem um desejo de jogar tudo pro alto e entrar em qualquer um dos livros de minha vida.

[ler: meus livros favoritos]

Continuando – ainda que não pareça. É egoísmo demais querer escrever uma história com uma pessoa íntegra? Tudo bem, eu não sou o melhor exemplo de integridade do mercado, mas será que ninguém que tenta acertar erra nesse planeta?

É demais querer ter filhos, um cachorro (ta bom, dois), um teto, alguns livros e um colo quentinho onde posso aninhar meu corpo depois de um dia cansativo de trabalho? É demais desejar um comercial de margarina?

[Reduzindo a indignação]

Ok... Talvez ainda não tenha nada disso porque, de alguma maneira, ainda temo a situação.

[Ler: afasto o comercial de margarina]

Ou talvez não seja o momento, afinal um "olímpico" trajeto a percorrer antes de trazer essa aspiração à realidade me aguarda... Talvez comerciais de margarina sejam apenas comerciais de margarina, não a realidade (Meu Deus o que estou dizendo?!).

Enfim...

Ai poxa!

To precisando de um colo =~~~


Felizmente amanhã isso passa.
Acho bom passar mesmo!

19.8.07

Presente





Às vezes acho que a vida deveria perguntar se estou preparada para certos tipos de surpresas.

[Claro, não se pergunta esse tipo de coisa quando se quer surpreender, é uma espécie de regra para consolidar “o ápice do deslumbramento desprevenido”. Mesmo assim penso que a tal perguntinha cairia bem em dados momentos.]

Esse mês me trouxe duas surpresas - válidas, mas não muito boas - e um presente. O presente me foi dado ontem através de um sincero eu te amo. Não o eu te amo clássico que visa algo, mas sim, o eu te amo puro que quer apenas ser expresso como forma máxima de carinho. O eu te amo que não desconfio; o fraternal. É bom se sentir amada dessa forma por uma pessoa amiga. Não tem preço.

Obrigada por tudo.

16.8.07

"Papinhos Cabeça"


O que significa um relacionamento afinal?


Até hoje, para mim, significava responsabilidade. Calma, não é esse tipo de responsabilidade que se imagina. Eu me responsabilizava pela relação inteira inclusive pela parte que não me cabia: a do outro. Tomava como minhas as responsabilidades do outro, os erros e escolhas do outro. Sabia que isso era errado, mas não sei por que carga d’água continuava a me responsabilizar.


Hoje conversando com minha terapeuta sobre o assunto, passei a me dar conta de que uma relação se estabelece conscientemente. Ainda que possua mesclas de fantasia, a relação é visível à consciência - óbvio, mas como disse antes, só me dei conta do que isso realmente significa hoje.


E o que isso quer dizer?


Se alguém escolhe estar ao teu lado é porque deseja estar (ao menos que tenhas forçado através de alguma ameaça - o que definitivamente não é o caso).
Por isso, não aceite quando alguém tentar jogar sobre ti a responsabilidade do “não suprimento das expectativas”.

O outro criou expectativas porque quis e tu não tens obrigação nenhuma de fazer com que as mesmas sejam preenchidas e vice-versa. A culpa da fantasia é de quem cria, não sua (salvo se vc for a criadora).


Vivendo e aprendendo.

12.8.07

A raposa.



Andando, o principezinho encontrou um jardim cheio de rosas.
Contemplou-as... Eram todas iguais à sua flor.
E deitado na relva, ele chorou......
E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho, que se voltou, mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? Perguntou o principezinho. Tu és bem bonita...
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.
- Ah! Desculpa, disse o principezinho.
- Que quer dizer "cativar"?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços..."
- Criar laços?
- Exactamente, disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo... Se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...
A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:
- Por favor... Cativa-me! Disse ela.


Eu não consigo ficar sem lágrimas nos olhos quando leio essa parte.
Acho que tenho um "q" de raposa.

9.8.07

Agridoce




[O Incógnito]

Ele contextualizou, mas como era de se esperar recusei. Era o que eu podia dar na época? Não faço idéia até hoje. Simplesmente recusei – meus argumentos eram mais plausíveis. Ponderei e dei de ombros.

Covardia ou ponderação? Deixo a critério. Sabia que essas senhoras andam em círculos? Eu não, mas aprendi – o tempo é um ótimo catedrático quando o assunto é “mostrar a cada um a capacidade quase inerente de mascarar coisas”.

Os anos passaram em nuvens brancas quando nos reencontramos – maldita circunferência. Lá estava o senhor Incógnito me tomando outra vez. O tema ainda era o mesmo, mas o argumento mudou...

[Pensamento final: Por que não ouvi-lo?]

Enfim, segui a diante com o senhor sinistro e deparei com um conceito novo: o amor.

[Lá vamos nós outra vez]

Meu primeiro amor foi agridoce. Nem um extremo nem outro. Apenas agridoce – disso eu lembro bem, porque esta característica o tornou singular. E que mérito existe em ser agridoce? Nenhum digno de nota – excetuando-se claro minha preferência, a partir daí, por pessoas assim.

Recapitulando minha vida afetiva, posso dizer que tive muita sorte. Todas as pessoas com as quais fiz história foram fantástica e singularmente agridoces.

[Ode aos Agridoces!]




Um dia explico o que é ser agridoce.

28.7.07

Casamento

Ontem percebi que não sou tão avessa a casamento quanto pensava.

27.7.07

Re-Descoberta


A serenata crepuscular anunciava o início do fim de mais uma jornada – em breve, pensava, encontrar-se-ia diante de seu momento mais frágil. Pelo caminho, grãos acinzentados insistiam em ruir do negro firmamento; já não era mais tão simples continuar a jornada. Estava cansada.

A vida jazia cada vez mais por entre os dedos, assim como a cômoda existência que há muito preservou. Não havia mais razão para seguir: agora, até o que julgara ser pele, o que julgara ser, desvendava-se num apinhado de tintas e lágrimas. Ela desmanchava. Ela escurecia. Ela renascia em si e aflorava. Outra vez.



A única configuração de suicídio louvável é aquela que proclama a morte da ignorância sobre si mesmo.

Apaixonem-se por si mesmos: (re)descubram-se. Parece difícil - como o cenário acima - mas vale a pena.

26.7.07

Maçãs Negras


Sonhei com o teu quintal

coberto de ramagens

ofertando maçãs negras

e de repente senti

o meu coração estrangeiro.

Longe do meu tempo

à revelia dos sonhos,

levei adiante o destino,

fui a Damasco e Chipre

'Sem chorar os mortos'.

Depois voltei sozinha

num barco de quilha azul

sobre águas de marfim

só para ver no inverno

rios chegarem ao mar.

Enfim, no longe surgiu

uma casa de teto alto

com muros rastejando

entre flores douradas:

era o pouso do acaso.

Só não fui ao teu quintal... tive medo.


(Deborah Brennand - Maçãs Negras)

Esse e muitos outros poemas podem ser vistos em http://www.plataforma.paraapoesia.nom.br/paglinks2.htm

22.7.07

O Grande Ditador




"_Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio... negros... brancos.


Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros?


Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios.


Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido...


A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem... um apelo à fraternidade universal... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: “Não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá...


Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo – um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!"



(Trecho do último discurso de "O Grande Ditador" - Charles Chaplin)

15.7.07

Vaidade


Vaidade é o lema da vez.


Certas almas inteligentes são tão críticas acerca da própria conduta que não admitem críticas de quem quer que seja (salvo em raros casos). São seres com ótima capacidade de abstração, criatividade, argumentação, retórica, etc. Criaturas brilhantes eu diria.
Reconheço que se não encarnassem o "advogado do Diabo" seriam líderes perfeitos, verdadeiros exemplos de vida. Porém a vaidade é o lema da vez - e no caso em questão, esta se torna uma "pedra no meio do caminho".

Todos nós somos um pouco de tudo. Não é a ausência de um "pecado" que nos dá ânimo para criticá-lo, e sim sua escassa presença. A interpretação da sentença parece óbvia, certo? Acredite, não é tão evidente para todo mundo.

Ninguém está totalmente acima do bem e do mal como a maioria deveria supor. Acredito que todos nós possuímos bases tão benéficas quanto pervertidas em nossa formação de caráter. Contudo, trilhamos um caminho para preponderar uma dessas bases de acordo com o que julgamos melhor para nós. Estamos aqui para aprender com erros e acertos. E esse seria um fator comum se não houvesse uma restrição: essas pessoas.

Essas pessoas especiais não estão aqui para aprender nada que possamos ensinar. Tudo que elas aprendem provém de seus próprios ensinamentos. Elas se julgam auto-suficientes e um verdadeiro benefício para a humanidade. Não existe relação de troca com esses seres encantadores: eles ensinam, a gente escuta.

Talvez por ter essa grande responsabilidade social, falhar, independente da referência adotada, é um pecado inadmissível para os mesmos. E isso é levado tão a sério que pessoas assim optam por se enganar constantemente – além de tentar enganar os outros, claro.

Seus atos egoístas, por exemplo, passam a significar - na opinião deturpada deles claro - demonstrações de valor próprio, de caminho centrado, e até de altruísmo (?!). Críticas destrutivas e exigências desumanas tornam-se demonstrações de sinceridade, de espírito questionador, inteligência, vontade de ajudar o próximo a crescer, etc. Enfim, tudo é camuflado com a mais sutil licença poética.
Afinal de contas, eles são os melhores.

Esquecem que são seres humanos tão podres quanto nós. Emocionalmente instáveis, contraditórios, arredios, confusos e hipócritas como todos nós podemos ser, com uma diferença: eles nunca admitirão essas falhas - ou pelo menos, nunca admitirão como falhas.



"Vaidade... meu pecado favorito" . (O Advogado do Diabo)


12.7.07

Foucault

"É compreensível que alguns lastimem o vazio atual e busquem, na ordem das idéias, um pouco de monarquia. Mas aqueles que, pelo menos uma vez na própria vida, provaram um tom novo, uma nova maneira de olhar, um outro modo de fazer, aqueles, creio, nunca sentirão a necessidade de se lamentar porque o mundo é um erro, a história está farta de inexistências; é tempo para que os outros fiquem calados, permitindo assim que não se ouça mais o som da reprovação por parte deles..."

MICHEL FOUCAULT (Entrevista – 06/04/1980)

Poema

Foste minha
E como o vento
Tocas te e passaste
Desde esse dia
Persigo esse vento
Essa recordação
Tento sair deste vazio
Que não me deixa respirar
Sinto este rasgar no meu coração
Dor de sentir
Dor de pensar em ti
Ainda hoje sinto

Sinto esse vento em mim
Que me acariciava
E fazia sentir algo diferente
Único e nosso
De forma suave e sentida
Perfeita e bela
Esse vento em mim…
Em ti
Recordo essas carícias

E todo o seu esplendor
Sinto hoje
O que senti em dias passados
Nada mais do que
Um reflexo…
O reflexo de um eterno amor
Que passa hoje
Como uma brisa
Que passará amanha

(autor desconhecido)


É lindo, mas Deus me livre.
A combinação "amor e dor" me dá calafrios.
Já tive minha dose.

8.7.07

Vida

Seja o ourivez de sua própria vida.
Ou não seja.
Só saiba de uma coisa:
O mundo que você tanto respeita, não terá nada com isso.

Tristeza e alegria são contagiantes,
qual delas você escolhe para o momento?
Qual delas carregará para o resto da vida?
Qual merece tua atenção?
tristeza, alegria...
Escolha, é simples!
Mas saiba de uma coisa:
O mundo que você tanto teme, não terá nada com isso.

E por fim, dando ou não significado ao que acabo de redigir, saiba de uma coisa:
O mundo, continuará não tendo nada com tua vida.

Só existe uma pessoa que consegue alcançar
o exato valor que você atribui a determinados significados.
Apenas uma consegue rir ou chorar como você faria.
Adivinha quem?



Reflexão (outra)


Ainda dou crédito à pureza existente em determinados anseios e impressões, acredito no sentimento humano no fim das contas – e mesmo magoada, não tenho porque não acreditar. Isso é ser ingênua? Então sou ingênua.

Todo mundo chora e faz chorar um dia. Assumir uma posição de vítima só porque nesse exato momento fui eu a "penitenciada" não me faz uma pessoa digna de méritos. Que mérito há em sentir pena de si mesmo?

Não chame de racionalidade uma linha lógica covarde.
Isso não te fará uma pessoa melhor.
Somos todos poeira do mesmo barro esqueceu?

Levanta e anda pessoa, tem gente precisando de ti mais a frente.




Não existe uma razão direta para o tema em questão ou a maneira como o mesmo foi exposto. Simplesmente saiu e eu quis registrar - como geralmente acontece aqui. Ás vezes a vontade não precisa de entrelinhas.

9.6.07

Dualidade


Se queres saber o quanto o outro pode ser, por exemplo, “maligno” dentro de um contexto “x”, é só mensurar a freqüência e intensidade de sua característica oposta nos demais contextos.

Isso explicaria a máscara recentemente parida, e delicadamente adotada por minha face. Mas como não há nada que prove essa máxima, minha dissimulação continua sem tradução significativa.


“Às vezes me desconheço,
e no momento esse vão abstruso
me soa tão desnecessário que fascina”.

Dk.



Como sempre digo, se eu quisesse ser compreendida usaria uma linguagem mais objetiva. Sim, estou de volta.

30.5.07

Hoje eu quero a mulher



Aquela que faz meus dias felizes, ora nem tanto
Que me traz calma e ansiedade
Que me deixa ser o que sou
Que sabe todos os meus segredos.

Hoje eu não desejo nada além daquela que me amedronta
E que por muitas vezes, foi a única com quem pude realmente contar,
A única em quem realmente posso confiar,
Minha melhor amiga e pior inimiga.

Não é exagero dizer que sem ela eu não vivo
Porque simplesmente é assim que acontece.


Hoje eu quero a contradição que ela representa
e todo o resto.

Hoje eu quero a mulher que me encanta e destrói:
A fonte de todos os meus problemas e soluções.

Hoje eu quero seu céu e inferno
Hoje eu quero sua paz e sua ira
Hoje eu quero o amargo de suas palavras
e a doçura dos seus gestos
Hoje quero quem sempre esteve ao meu lado e contra mim
em todos os momentos de minha vida

Hoje eu quero a mim mesma.


Dk.


Escrevi há algum tempo, mas vem ao caso.

27.5.07

Dica

Consegui o livro "A casa dos budas ditosos" finalmente.
Se vcs quiserem esse e tantos outros títulos literários e acadêmicos interessantes é só acessar:
http://www.4shared.com

besos

17.5.07

Refletindo - pela milionésima vez.


"Não quero repetir os erros do passado, um passado bem presente, não adianta procurar, não quero alguém, quero a mim mesma e não sei onde encontrar...Triste aquele que acredita que alguns pré requisitos da vida são encontrados em outras pessoas.

O que fazer de uma vida onde a platéia se cansa do espetáculo? Onde a personagem principal erra o texto o tempo todo e não prende mais a atenção nem dela mesma?

(...)

Sou uma sonhadora, isso não há como discutir. Acredito muito naquilo que crio dentro da minha cabeça, acredito nas pessoas, acredito num mundo melhor, na bondade, na boa intenção e nada disso é tão cor de rosa assim - as pessoas são cinzas, o colorido se desperta com a mistura das cores que se encontram... É aquela questão da química: se eu sou cinza e você é cinza, seremos cinzas, mas se eu for amarelo e você cinza ou vice e versa, a possibilidade do colorido é bem maior, então está decretado dentro de mim, NÃO AO CINZA!!!

Chega!!!...quero azul, verde, vermelho, quero vida. Você não entende? Deixo claro pra você que meus sentimentos não mudaram, sou eu mesma, mas a essência está mais apurada, não posso me contentar com o pouco, quero a plenitude, quero por inteiro, isso não mudou, quero só pra mim, não posso?

Posso sim, e mereço...e vou até o fim com isso, mesmo sabendo dos buracos que encontrarei pelo meio do caminho..."




O texto não é meu, mas poderia.

Texto adaptado, retirado de: http://www.fragmentosdemimmesma.blogger.com.br/2005_03_01_archive.html

28.4.07

Não resisti

O Globo Brasilia:

Câmara se queixa do "Casseta & Planeta".

Pressionada por deputados, a Procuradoria da Câmara vai reclamar junto à Rede Globo pelas alusões feitas no programa "Casseta & Planeta" exibido terça-feira passada.
Os parlamentares reclamaram especialmente do quadro em que foram chamados de "deputados de programa". Nele, uma prostituta fica indignada quando lhe perguntam se é deputada.
O quadro em que são vacinados contra a "febre afurtosa" também provocou constrangimento.
Na noite de quarta-feira, um grupo de deputados esteve na Procuradoria da Câmara para assistir à fita do programa. Segundo o procurador Ricardo Izar (PMDB-SP), duas parlamentares choraram.
Izar se encontrará segunda-feira com representantes da emissora, para tentar um acordo, antes de recorrer à Justiça.
O presidente da Câmara também se disse indignado: - O programa passou dos limites. Eles têm talento suficiente para fazer graça sem desqualificar a instituição, que garante a liberdade para que façam graça.
O diretor da Central Globo de Comunicação, Luís Erlanger, disse que a rede só se pronuncia sobre ações judiciais, depois de serem efetivadas.
Os humoristas do Casseta & Planeta não quiseram falar sobre o assunto, dizendo não querer "dar importância à concorrência".



NOTA DE ESCLARECIMENTO.

“Foi com surpresa que, nós, integrantes do Grupo CASSETA & PLANETA, tomamos conhecimento, através da imprensa, da intenção do presidente da Câmara dos Deputados de nos processar por causa de uma piada veiculada em nosso programa de televisão”. Em vista disso, gostaríamos de esclarecer alguns pontos:


1. Em nenhum momento tivemos a intenção de ofender deputados ou prostitutas. O objetivo da piada era somente de comparar duas categorias profissionais que aceitam dinheiro para mudar de posição.

2. Não vemos nenhum problema em ceder um espaço para o direito de resposta dos deputados. Pelo contrário, consideramos o quadro muito adequado e condizente com a linha do programa.

3. Casos se decidam pelo direito de resposta, informamos que nossas gravações ocorrem às segundas-feiras, o que obrigará os nobres deputados a "interromperem seus descansos".




E ai, vai reclamar ainda?

22.4.07

Passando


Nessas quatro últimas semanas andei realizando proezas intrigantes. Fui a lugares que detesto, mas adorei um dia, e fiz coisas insignificantes só para ver até onde minha atual condição se consolidou.
Nenhuma surpresa.
Continuo abominando rs.

A vida passa e as coisas mudam. Idéias que pareciam atraentes, hoje soam inconseqüentes e imaturas – além de deploráveis e sem sentido. Comportamentos consagrados, que de certa forma me caracterizaram por um bom tempo, hoje são motivos de confusão, milhares de justificativas, asco e peso na consciência.

Sim, o tempo passa e nós mudamos – ainda que poucos acreditem nisso. Não vejo mais graça em muita coisa, não relevo tantas outras - como faria facilmente em outros tempos. Não me felicito com banalidades, não me preocupo em ser simpática (apesar de odiar magoar), ando muito mais crítica a cada ano e o mais engraçado de tudo: voltar atrás parece incoerente.

Claro, pago um preço por isso – afinal tudo tem um preço – mas é algo que não me dói, diria que é um valor razoável no fim das contas. E que preço? Bom, em contraste com tantas “modificações felizes” eu também nunca fui tão questionada sobre a minha solidão – quantitativa solidão. Ás vezes tenho medo de perder pessoas especiais por priorizar outras coisas – mesmo sabendo que as pessoas especiais não irão embora.

Não existe mais a “senhorita popularidade” que um dia fiz questão de ser. Já não tenho qualquer prazer em desempenhar esse papel como antes. Não quero ser desejada senão por minhas idéias e nada além delas. Não faço questão de estar cercada por qualquer outra pessoa além daqueles que amo.

Pode parecer estranho, mas há algum tempo vive sob minha pele uma mulher que se assusta com multidões, que prefere o anonimato à notoriedade, que não suporta a idéia de ser objeto de cobiça para outras pessoas, que não mais se deleita com o deslumbramento das luzes da cidade... que olha o passado e acha medíocre ter se portado de uma maneira tão fútil e desajustada.

[Certo, era o que eu podia dar na época, reconheço.]

Enfim, nesse último mês eu fiz um levantamento “in locus” naqueles que foram meus palcos, vesti as fantasias de antigamente e nem mesmo o inebriar alcoólico me fez gostar do espetáculo. Aquela mistura de aromas, de vazios, sons, máscaras e maquiagem me causou náuseas... eu não consegui entender como um dia fui tão feliz ali, ou como alguém, ainda, pode ser.

6.4.07

Beleza


Eu gosto da beleza, diria até que a mesma é imprescindível e inspiradora. Mas quando falo que daquilo que é belo, não me refiro a superficialidade dos ditames de terceiros. A beleza que aprecio é restrita, única e carregada de valores pessoais e subjetivos. Refiro-me a uma gama bem mais extensa, bem mais coerente, bem mais minha. A beleza é relativa, ou melhor, "as belezas" assim o são, já que se apresentam de vários tipos e formas... e isso é lindo.

Existe o belo na canção, o belo na poesia, o belo nas formas, o belo de uma paisagem, de um nascer e pôr-do-sol, o belo numa situação simples, o belo num sonho, o belo do conhecer, o belo do cotidiano, o belo numa lágrima, o belo na sensualidade, o belo no que - ou em quem - se ama, enfim, todos sabem disso.

Eu faço parte do grupo que admira as belezas que pouquíssimas pessoas "veriam graça". Uma breve referência aos meus tipos favoritos: a beleza na relatividade, no aprender e no conviver com adversidades, a beleza das diferenças, do desconhecido, da abstração, do difícil e por ai vai.

Enfim, são muitas as formas. Concordo em parte quando afirmam "que o mundo aprecia o que se vê logo de cara, não o que se enxerga", contexto, aliás, que me soa lamentável - talvez porque a maneira como observo as coisas, diferente desta, leve mais tempo e exija dedicação. Mas não critico os que observam a vida pela superfície e se limitam a alguns tipos de beleza. "Cada um com seu cada qual" como diria meu avô.



Qual a beleza que te agrada?

22.3.07

Pérolas do vestibular 2007

1) Lavoisier foi guilhotinado por ter inventado o oxigênio.
(Já imaginou?)
2) O nervo ótico transmite idéias luminosas ao cérebro.
(Se o cara é obtuso, o nervo dele deve transmitir idéias sombreadas, não é mesmo?)
3) O vento é uma imensa quantidade de ar.
(Que coisa! Não tinha pensado nisso.)
4) O terremoto é um pequeno movimento de terras não cultivadas.
(Só faltou completar que esse movimento é um braço armado do MST.)
5) Os egípcios antigos desenvolveram a arte funerária para que os mortos pudessem viver melhor.
(Nada mais justo. Não dá para viver a eternidade desconfortavelmente)
6) Péricles foi o principal ditador da democracia grega.
(Isso. E Stalin foi o principal seguidor de Mahatma Ghandi...)
7) O problema fundamental do terceiro mundo é superabundância de necessidades.
(A criatura que escreveu isso deve ter raciocinado com a própria abundância e não com o cérebro.)
8) O petróleo apareceu há muitos séculos, numa época em que os peixes se afogavam dentro d'água.
(Sim, isso foi no mesmo período geológico em que as aves tinham vertigem e as minhocas, claustrofobia.)
9) A principal função da raiz é se enterrar.
(Impressionante!)
10) O sol nos dá luz, calor e turistas.
(Esse, com certeza é carioca).
11) As aves têm na boca um dente chamado bico.
(Fiquei de queixo caído! Ou melhor, de porta-bicos caído.)
12) A unidade de força é o Newton, que significa a força que se tem que realizar em um metro da unidade de tempo, no sentido contrário.
(O relógio desta anta deve ter cm, m e km.)
13) Lenda é toda narração em prosa de um tema confuso.
(Entendeu né? Todo discurso de político é uma Lenda.)
14) A harpa é uma asa que toca.
(Imagine a definição dele para Trombone de Vara... )
15) A febre amarela foi trazida da China por Marco Polo.

(Se Marco Polo tivesse viajado aos EUA traria a Febre Vermelha, dos índios...)
16) Os ruminantes se distinguem dos outros animais porque o que comem, comem por duas vezes.
(Este é um grande observador da própria família)
17) O coração é o único órgão que não deixa de funcionar 24 horas por dia.
(Imagine o alívio que senti ao ler isso.)
18) Quando um animal irracional não tem água para beber, só sobrevive se for empalhado.
(Deve ter sido o destino do autor da frase.)
19) A insônia consiste em dormir ao contrário.
(Perfeito. Morte é viver ao contrário, não é?)
20) A arquitetura gótica se notabilizou por fazer edifícios verticais.
(Melhor pular essa...)
21) A diferença entre o Romantismo e o Realismo é que os românticos escrevem romances e os realistas nos mostram como está a situação do país.
(É... E ainda faltam várias para comentar...)
22) O Chile é um país muito alto e magro.
(Confundiu o Chile com o nosso ex-Vice-Presidente, Marco Maciel.)
23) As múmias tinham um profundo conhecimento de anatomia.
(Para mim, a mais "marcante" de todas.)
24) Na Grécia, a democracia funcionava muito bem porque os que não estavam de acordo se envenenavam.
(Pensando bem, não é má idéia. O difícil é convencer as pessoas).
25) A prosopopéia é o começo de uma epopéia.
(E uma Centopéia deve ser 100 Epopéias.)
26) Os crustáceos fora d'água respiram como podem.
(Coragem, faltam poucas).
27) As plantas se distinguem dos animais por só respirarem a noite.
(Que perspicácia! )
28) Os hermafroditas humanos nascem unidos pelo corpo.
(E, os Xifópagos são indivíduos bi-sexuais...)
29) As glândulas salivares só trabalham quando a gente tem vontade de cuspir.
(Bem, já cheguei até aqui...)
30) Os estuários e os deltas foram os primitivos habitantes da Mesopotâmia.
(Que que é iiiiiiisso ??????? )
31) O objetivo da Sociedade Anônima é ter muitas fábricas desconhecidas.

(O Tráfico de Drogas é a maior das S.A's. Mas a frase seguinte é ainda pior...)
32) As Sociedades são Anônimas por que seus sócios não precisam de mostrar carteirinha.
(O "não precisam de mostrar..." só não é pior do que o surrado bordão da moçada: "tipo assim...")
33) A Previdência Social assegura o direito a enfermidade coletiva.
(Faz sentido. O seu Plano de Saúde só servirá na ocorrência de epidemias, não é?)
34) A respiração anaeróbica é a respiração sem ar que não deve passar de três minutos.
(Meu medo é descobrir que um quadrúpede desses foi meu aluno...)
35) O calor é a quantidade de calorias armazenadas numa unidade de tempo.
(Fala a verdade. Não te dá uma sensação de vazio, impotência...?)
36) Antes de ser criada a Justiça, todo mundo era injusto.
(Graças a Deus, essa foi a última....)

Os comentários foram dos professores durante a correção. Ok o texto é bobinho, mas diverte - além de preocupar.

20.3.07

Ano Novo


Oficialmente, no calendário das influências energéticas naturais, o ano começa hoje juntamente com o desabrochar das flores.

Na verdade essa tese diz respeito à relação entre astros, planetas, energias e pessoas... em resumo: a influência recíproca entre a energia da natureza e a energia humana – coisa que muita gente não acredita.


Não posso dizer que defendo com garra esta questão do dia, mas, entre acreditar na energia inerente a uma data político-religiosa que homens estipularam (1° de janeiro) ou na energia inerente ao início de um período em que a natureza se manifesta (20 de março), eu fico com a segunda opção.

Segundo o calendário astrológico, esse é o ano das grandes realizações, dos projetos, das conquistas. Escolha as suas e vá em frente.


Prioridades em meu novo ano? família e profissão - não necessariamente nessa ordem. O que vier além disso é lucro, não meta.
beijo

13.3.07

Eu sei, mas não devia

Eu sei que a gente acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acotuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíches porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir a janela e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita não acreditar nas negociações de paz. E não aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acotuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com o que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes, a abrir as revistas e ver anúncios. a ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema, a engolir a publicidade. A ser instigado, desnorteado, lançado na infindável catarata de produtos.A gente se acostuma à poluição. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às besteiras das músicas, às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À luta. À lenta morte dos rios. E se acostuma a não ouvir passarinhos, a não colher frutas do pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda satisfeito porque tem sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para prezervar a pele.Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.

A gente se acostuma para poupar a vida.Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.

(Marina Colasanti)

12.3.07

Vovó

Tracei minhas linhas e vida da maneira que julguei mais sensata e madura. Ansiava dar aos outros o mínimo de trabalho e a mim, o máximo de independência. Andei por curvas tortuosas e estradas escuras – algumas fáceis outras complexas. Mas até então tudo isso foi por escolha – consciente ou não – minha escolha.

Agora a vida me faz deparar com a certeza absoluta dos homens, a grande certeza num mundo tão incerto, um caminho que ate então me soava teórico, o primeiro grande adeus, a maldita dos homens, a senhora das más notícias: a morte.


Aos poucos assisto a despedida daquela que me viu nascer, que me afagou nos braços e me ensinou tantas coisas. A matriarca de nossa família, a senhora de tantas histórias, a grande mãe mais velha, que agora, talvez sem saber, me ensina na prática a mais importante das lições aprendidas: o desapego.



Não partilhem minha dor, ela é necessária. Peço apenas uma oração por minha avó, para que se for da vontade da vida ela possa ir em paz. Fiquem com Deus.

5.3.07

A saber



Acho que finalmente tomei por favorito um personagem nas crônicas Riceanas. Lestat? Não, não, meu personagem ainda não é protagonista de um livro inteiro – protesto muito por isso inclusive. Marius, o romano: eis a figura dramática mais apaixonante em minha opinião.

Invejo sua imortalidade, pois partilho de uma de suas sedes, contudo, diferente do vampiro, não comungo do tempo nem da liberdade necessária para supri-la totalmente. E que sede seria? Bem, tenho olhos e alma famintos. A necessidade de conhecer, compreender e apreender o mundo é algo que grita sob minha íris. E o desejo de vivencia-lo e sugá-lo até uma possível overdose me é inerente à alma. Marius, segundo a crônica, partilha de algo parecido – por isso a minha alusão venerável.

No livro, Rice descreve que o mesmo caminha entre os homens desde o império Romano até os dias de hoje... agora respirem e reflitam as possibilidades. Imaginem a quantidade de conhecimento que esse ser agregou ao longo dos séculos, os lugares a que teve acesso, as diferentes culturas e saberes que presenciou? Que possibilidade extraordinária seria! Sim, eu o invejo muito neste ponto – e apenas neste.

Mas enfim, como não sou imortal – ao menos meu corpo não o é – faço de minha condição humana uma justificativa mais do que plausível para dedicar-me continuamente à satisfação de minha sede. Que venham então os livros para alimentar meus olhos e imaginação enquanto ainda não posso banquetear, de todo, minha "sedenta" alma.



Para saber mais sobre “Marius” sugiro O Vampiro Lestat, de Anne Rice ou A Rainha dos Condenados (que também faz alusão ao mesmo).

2.3.07

Confidência II


Eu já não gosto mais de ouvir fado porque me lembra Portugal
Não gosto mais de olhar pra cima
Não gosto nem mesmo de Recife (?!)
Não aprecio mais o que ontem chamava de “necessária solidão”
E tudo isso porque meu egoísmo te quer por perto.

Tua presença me fez recordar o que há muito esqueci possuir
Tua ausência me dói, como dói a falta de inspiração a um artista
As estrelas me falam sobre uma realidade lusitana que não comungarei e isso me desola
Minhas introspecções incomodam se não posso partilhá-las contigo
E tudo isso porque meu egoísmo te quer por perto.

Penso em tuas palavras ao deitar, enquanto leio, enquanto escrevo, estudo, observo
Penso que seria incrível sorver a abstração do mundo antigo ao teu lado
Conhecer cidades, desvendar mistérios, culturas, histórias, valores, diferenças.
Penso que tudo isso seria possível com ou sem ti. Mas sem dúvida preferiria ao teu lado.
E tudo isso porque meu egoísmo te quer por perto.

Partilharíamos de nossas introspecções, medos, experiências, sonhos, impressões
Para cada traço celeste duas opiniões diferentes e encantadoras
Discussões acaloradas e apaixonadas sobre tudo o que se sente diante daquilo que se vê
Sobre tudo aquilo que nos é subjetivamente análogo e distinto

Sim, meu egoísmo te quer por perto.

28.2.07

Diálogo II - Colidindo com a razão

Madrugada de terça-feira, 27 de fevereiro 2007



_Existe algo estranho no reino das fadas, uma obscuridade de certo. Algo está errado, eu sei. Estás deveras contemplativa... Hm... ah claro... Ela respira profundamente e solta: _Por que não segues teu coração? Acredito, pela primeira vez, que tens a chave.

Terminada a sentença, Ela me dá as costas, ergue-se próxima à sacada e vislumbrando a noite da cidade acende uma cigarrilha.

_Incrível como teu fascínio por elas desenvolve-se labiríntico e finda antes mesmo de começar. Acolhes com a mesma facilidade com que abandonas. Tão fácil tê-las, seduzi-las, sanar suas mais esquecidas carência não é? Pudera, ofertas todas as tuas belezas, tua franqueza, tua inteligência e empatia!

Num rápido movimento Ela me observa estupefata. E eu continuo.

_Enfim, após tanta dedicação, elas te oferecem o mundo. E ao constar o quão importante es agora, do mundo ofertado não desejas mais que um grão. Elas anseiam reciprocidade, e “como mágica” tua capacidade de admiração por elas deteriora; nada tens a oferecer em troca.

Tomando a cigarrilha de suas mãos e apagando delicadamente num cinzeiro, me ponho diante Dela e olhando em seus olhos insisto.

_Receita antiga e nada original essa de seguir o coração ao se "apaixonar" não achas? Talvez isso funcione lá fora, aqui dentro, aqui onde estás, onde estamos, segui-lo seria praticamente um suicídio de tão insensato! O que tentas agora? Quer que eu siga meu coração ultra-inconseqüente para no fim das contas mostrar que tinhas razão? Quer que eu machuque outra pessoa e me machuque por um grão de afeto? De quantas outras vis maneiras ainda pretendes me testar?.

Ela olha para o chão cabisbaixa.

_Mas que semblante é esse em tua face? Seria mais um ensaio ou culpa? Ah minha cara, a culpa só te adiantaria se, no futuro, não a utilizasses também como artifício para se justificar.

_Não me venha com discursos vazios... Ela diz em tom quase inaudível.

_Eu já fiz minha escolha, finalizei. E por falar em vazio, eu sinceramente o prefiro à culpa.
Tenha uma boa Noite.

27.2.07

Insônia

Imagem: na varanda daqui de casa, ontem a tarde antes de ir pra faculdade.



Hoje acordei muito disposta as três-e-quarenta-e-sete da manhã (?!). As quatro e trinta o céu começou a acinzentar, uma hora depois o sol resolveu aparecer timidamente e finalmente, perto das seis, quando o céu estava totalmente claro, resolvi sair da sacada para tomar café da manhã antes de começar a ler e estudar - não necessariamente nessa ordem. Meu primeiro nascer do sol de 2007.

Foi lindo vê-lo majestoso ao longe, ouvir os pássaros no telhado, sentir a brisa fria da manhã, o cheiro de maresia e terra molhada, ficar sem pensar em nada por alguns segundos, devanear por horas a partir das coisas boas que vem acontecendo, abrir um sorrisinho bobo por isso, racionalizar sobre esse "sorrisinho" (né?). Perfeito, recomendo.


Detalhe à parte, vamos ao que interessa:


Aparentemente Ela anda curiosa acerca desta atípica figura, que através de justificativas sólidas e ternas, ousa aos poucos desafiá-la. Seu domínio seguro parece estar ameaçado desde que eu comecei a ouvir não apenas Ela, mas também uma outra, que para fins ilustrativos cognominarei “Ella”.

Uma evoca a razão pura dos filósofos, a outra a alma poética mais ardente, motivações e sentidos também diferem. Felizmente, um consenso: querem aprender. Graças! Não terei que me autodesafiar num jogo conflitante. Ou terei? Enfim, só o tempo dirá...


...Mas, confesso, uma possibilidade me soa cada vez mais sedutora: talvez Ella esteja certa, talvez eu realmente não tenha nada a perder ao dar mais crédito a "mais simpática das minhas víceras". "Ela", entretanto, discorda completamente disso - e tem milhares de razões para tal.


Ela e Ella, oponentes a altura da minha atenção. Deus me ajude.




Obs: No futuro, as imagens assentadas aqui - caso existam - não serão necessariamente minhas - não é novidade pra ninguém que eu enjôo. Mas por hora, e em gratidão a quem se mostrou tanto para mim, vou abrir uma exceção (por hora).

26.2.07

Confidência



Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausta.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como uma nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos portos silenciosos
Mas eu te possuirei mais que ninguém porque poderei partir
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.

(Ausência, V.M - adaptado)



Quando me faltam palavras, costumo comparar certas coisas ao fado - e quem me conhece sabe o que isso significa.
Esse poema penetrou minha íris como um bom fado a dedilhar seus doces acordes em meus tímpanos. Ambos me fazem acordar para uma realidade onde é difícil crer em sentimentos difíceis. Meu pouco de felicidade soa mais seguro do que a exacerbação afortunada que determinadas situações provocam de tempos em tempos. Eu não costumo mais ceder as mesmas, pois receio magoar outro coração por ser quem sou.

No fim, esse poema é o que me restará. Ele, o fado e a solidão sadia e conhecida que me representa.

25.2.07

Ela. Ela. Ela.


Ela me importuna. Ela me importuna. Ela me importuna.
E se me amola é porque algo está perto de um determinado extremo
Minha razão não se agita em momentos desnecessários...
Não mesmo...
Mas foi tão bom... tão encantador ser coração


Enfim, calarei por um instante, preciso pensar.

24.2.07

(sem título)

Queria viajar para longe dos homens e das coisas dos homens.
Hm... para um casebre no campo. Perfeito!
Longe de computadores, televisão, carros, caos, telefone... Deus como preciso disso!

A noite iria para o terraço, espalharia ao meu redor uma xícara de café bem forte, carteira de cigarros, caneta e um caderninho - ah também levaria um pacotinho de halls azul ou preto (adoro tomar café com uma pastilha na boca). Deitaria sozinha sobre o chão frio e observaria encantada as estrelas que as luzes da cidade não me deixam ver. Provavelmente escreveria sobre as mesmas e sobre o que senti, pensei e desejei enquanto as observava.
Fatalmente gargalharia das tolices do mundo e também das minhas próprias tolices ao perceber o quão ínfimo são certos problemas perto da grandiosidade do Universo.
E também choraria, emocionada com a beleza interativa daquilo tudo.

Ah se eu pudesse abrir meu próprio coração e cerrar meus olhos!
A vida seria mais simples talvez.
O problema é o preço.

Enfim chega de devaneio.

Documentários

Pensei em escrever várias coisas sobre os documentários a seguir, mas... as imagens e os depoimentos falam por si.

O primeiro retrata problemas decorrentes de cirurgias plásticas. É desolador...
"Plastic Disasters" (em inglês): http://www.hbo.com/docs/programs/plasticdisasters/index.html


O segundo - que recomendo muuuuito - é o "Fahrenheit 9/11" de Michael Moore. Esse tem cunho político. E pq recomendo? É delicioso ver a cara de idiota do Bush em algumas cenas (hahaha) aquele p&#%!!

"Fahrenheit" (em inglês): http://www.fahrenheit911.com


Acho que existem versões legendadas para ambos na net - além das que passam na HBO. Procurem ho ho ;)


beijos e ótimo fim de semana

22.2.07

Carnaval

Retomando um texto que escrevi recentemente: acho estou ficando velha - com direito a rabugice e tudo.

Na terça fui com um amigo ao Recife Antigo e (respira) aquele cenário rico em diversidade, bebida e odores (de todos os tipos) me remeteu a Paris do século XVIII – descrita para mim através de um livro. Tive saudade de estar em casa lendo o mais recente membro da minha “coleção de cabeceira”, O Vampiro Lestat, de Anne Rice (quem leu entenderá a referência).

Depois dessa incrível demonstração de apreço entediado, cheguei a conclusão de que não gosto mais de carnaval, ou talvez não goste desse tipo de carnaval (...) difícil dizer. Na minha opinião, carnaval só presta porque em meio à zorra louca e malcheirosa, existe o banho cultural oferecido por certas agremiações, artistas e eventos – isso sim me agrada.
Mas o que importa...



Enfim, vou voltar ao meu livro. Ótimo restinho de semana.

18.2.07

Monólogo


_ “Não se pode ser flor a vida toda, todas as horas!”
Frase óbvia não?

Mas, acredite: se ofertares um botão, um pobre botão de rosa uma vez na vida, algumas almas desavisadas vão acreditar que depois dele, apresentarás um jardim. E ai de ti se o jardim não aparecer - ou se aparecer com sapos e alguns vermes... Serás destruída por não corresponder a quem “tanta esperança depositou em ti”.
Mas espere, es receptáculo de esperança por ter ofertado um botão? Hora nenhuma mencionaste os teus espinhos? Enganaste o outro?

Ela dá um trago no cigarro, se põe ereta na poltrona e soltando a fumaça devagar, diz serenamente: _Sei que não. Es vaidosa demais para não admitir com orgulho até mesmo os espinhos que tens. Então cale essa culpa!

Se servir, aqui vai uma recomendação:

Nunca deixe de meditar sobre o que chamo de “3° possibilidade empática”: uma parcela considerável dos “Seus Humanos” precisa mentir (auto iludir-se*) para viver melhor... e isso não é culpa sua! Esses tipos iludem-se pelo que é bom, e também – na maioria das vezes – pelo que é ruim para eles. Iludem-se por aquilo que julgam ser sua fonte de vida ou morte; metem quando a mentira, convenientemente, satisfaz anseios. Mentem para todos, mas principalmente, metem para si. Não assuma a responsabilidade de tais mentiras, seja o que es, gostem ou não, reclamem ou não, seja autentica e pare de assumir responsabilidades alheias, já tens responsabilidades demais.

Agora me deixe fumar coração.






(*)proposital

13.2.07

Pobreza


"A assessora da modelo Isabella Fiorentino esclarece: sua cliente deu só "uns tapinhas" em um fotógrafo que estava tentando clicá-la durante um evento no Guarujá (SP).
Com isso, Piny Montoro nega a versão divulgada pelo jornal "Agora" de que a modelo e apresentadora teria "mordido" o fotógrafo Marcelo Liso porque não queria ver imagens suas com a boca inchada após uma cirurgia".


Incrível, mas deparei com isso ao ligar o computador hoje. Pq eu não nasci nos "anos de chumbo"? Sinceramente, é lastimável ver que diante dos últimos acontecimentos - e pq não dizer dos sempre presentes acontecimentos negativos do país - esse tipo de nota ainda é destaque. Podem me criticar (eu deixo), mas a idéia nada original da política do pão e circo prevalece ante a fraqueza de nossa voz...

Não sei se dou risada ou choro.

12.2.07

Diálogo I


Existência sediciosa, ofertas um coração a este arcabouço sentimentalmente pobre cujas virtudes foram intencionalmente "perdidas"?
Enlevada e auspiciosa ela, almejo que saibas o que perpetras, e principalmente: desta vez, considere a quem.
Não me faça ver chorar quem sorrisos trouxe,
Não me tome como o vil carrasco que mata por deixar viver,
Não improvise meus próprios, antigos e epidêmicos medos,
Não me deixe cobiçar antes de maturar,
Não me deixe cobiçar antes de maturar,
Não me deixe cobiçar antes de maturar...

Diante desta súplica Ela, sim, minha Ela, esboça um sorriso lúgubre e de forma petulante rebate:


_Não me deixaste adentrar a esses domínios por mais de dez anos, assim sendo, não cabem a mim tais responsabilidades. Lembre-se: reino na abstração de tua mente e não na mais simpática de tuas vísceras. Entretanto, sabes que sou muito boa e justa, sendo assim te darei um conselho: drama só fica bonito em película.



Dk.

9.2.07

Parênteses


Ontem, reencontrei uma antiga amiga: estava sentada numa das cadeiras que ficam próximas a cantina da minha faculdade, acompanhando com expressões faciais “doloridas” e preocupadas a história de uma jovem senhora. Esse, aliás, não é um quadro desconhecido em se tratando dela. Sim, os anos passaram, mas ela não havia mudado sua capacidade altruística para dar atenção a quem quer que seja. Um ser fantástico, sem dúvidas.

Recebeu meus olhos com um sorriso maroto característico seguido de um forte e caloroso abraço. Ao terminar a conversa com a jovem senhora, que parecia bem melhor, indagou sobre meus motivos para trancar psicologia (como sempre), mostrou sua resistente "indignação" em relação a isso (como sempre), relembrou algumas histórias engraçadas, amigos em comum, me fez algumas perguntas pessoais e profissionais, enfim, desenvolveu um diálogo baseado em trivialidades necessárias apenas aos que dele participam.

Depois de rirmos muito, seguimos nossos caminhos rumo às salas de aula - eu, como uma das calouras de computação e ela como mestra em psicologia, minha antiga mestra aliás.

Bom saber que terei alguém para me acompanhar na faculdade quando eu precisar conversar sobre algo além de softwares, compiladores, sistemas, protocolos ou hardwares (ufa).



Enfim, escrevi fofinho e fora do meu estilo, eu sei. Mas meus amigos/mestres merecem essa atenção (merecem mais que isso na verdade).




5.2.07

Velhota



Acordei com vontade de montar e ouvir uma coletânea de Tony Bennett, graças, talvez, a canção no filme de ontem - The way you look tonight.

Engraçado, esses surtos nostálgicos com Ray Charles, Nat King Cole, Sinatra e outros, têm cheiro de infância para mim. Lembram a época em que meu pai era fisicamente presente.


Lembram também a época da guria sonhadora, despreocupada, mas não menos tagarela, peralta e sem sentido do que hj. Época dos arranhões nos joelhos, do rosto sujo de tinta, barro ou terra, da roupa rasgada, do sorriso desdentado, das unhas roídas, dos bilhetinhos indecifráveis – só a tia da escola sabia compreender minha letra. Do cabelo mau cortado por "mainha" (a intenção era boa, mas o talento...), da falta de vaidade, dos centavos que valiam milhões, do andar correndo na pressa de chegar até a bandeira do outro lado - que sempre foi, na verdade, uma sandália (geralmente hawaiana). Da queimada, das brincadeiras de roda, do He-Man, da Xuxa com disco voador, dos gritos por nada, cabra-cega, lendas da Comadre Fulô, Bicho papão, mula sem cabeça...


[Evidentemente, nem só de flores foi feita minha infância, mas as ervas daninhas eu descarto por hora].

É... (suspiro) bons tempos!

Nossa pareço uma velha falando.

4.2.07

Preferir - Parte I: Sentenças Intrigantes.


Discorrer sobre primazias não é algo que costumo fazer abertamente – o que não me isenta delas. Contudo, a tarefa me foi solicitada, assim sendo, cá estou a registrar em meu diário nada discreto as mais... sediciosas(?!) Enfim:


Prefiro lembrar da fugacidade de uma recordação sincera, a perenidade de um elo desleal.

Prefiro a essência dos modernistas à eloqüência dos parnasianos.

Prefiro deparar com um cometa transitório, a várias estrelas distantes.

Se tivesse que escolher entre ambos, preferiria suportar repúdio à traição.

Prefiro ouvir verdades dilacerantes a mentiras analgésicas.

Prefiro perder tempo trabalhando verdades antes de soltá-las, a chamar cinicamente covardia de "sinceridade".

Prefiro não ter nada a ser um nada.


Poderia ter ficado quieta, mas preferi escrever para analisar depois como sempre.


Já falei, não faço questão de escrever fofinho. Além disso to com dor de garganta... a mais irritante das dores. Alguém tem uma partilha aí? =)

3.2.07

Lirismo Melancólico


Era noite quando ela tomou a cadeira e sentou-se procurando os meus olhos – de dentro para fora. Queria uma decisão racional, claro, como sempre. O eu que pensara afinal? Não, eu não podia continuar com esse arrebatamento vazio. Era preciso procurar uma outra janela, mais uma vez. A janela da compreensão, do desprendimento, do que me propus a fazer. Ficar só, sem sonhos externos, sem rompantes alheios e feliz.

Lição do ensaio? Nem sempre a vida se apresenta em conformidade com nossos desejos. E o fato só se torna funesto quando nos prendemos a ilusão de que nosso o egoísmo é um desejo justo. Justo? Como reclamar de injustiças sendo algoz? Coerência certo? Desprender-se não dói quando se quer bem de fato.

_ "Tudo ao seu tempo!" Disse ela quase explodindo por se conter durante 15 segundos. Deus, como é impertinente essa minha ela querida!



Nem tudo acontece como gostaríamos, mas como é bom quando somos presenteados. Agradeço a singela apresentação, assim como ao lirismo levemente melancólico em tuas sentenças – não menos belo e abençoado do que os demais temas, contudo.

Diria que neste caso, foi mais rico e significativo do que eles.