22.4.07

Passando


Nessas quatro últimas semanas andei realizando proezas intrigantes. Fui a lugares que detesto, mas adorei um dia, e fiz coisas insignificantes só para ver até onde minha atual condição se consolidou.
Nenhuma surpresa.
Continuo abominando rs.

A vida passa e as coisas mudam. Idéias que pareciam atraentes, hoje soam inconseqüentes e imaturas – além de deploráveis e sem sentido. Comportamentos consagrados, que de certa forma me caracterizaram por um bom tempo, hoje são motivos de confusão, milhares de justificativas, asco e peso na consciência.

Sim, o tempo passa e nós mudamos – ainda que poucos acreditem nisso. Não vejo mais graça em muita coisa, não relevo tantas outras - como faria facilmente em outros tempos. Não me felicito com banalidades, não me preocupo em ser simpática (apesar de odiar magoar), ando muito mais crítica a cada ano e o mais engraçado de tudo: voltar atrás parece incoerente.

Claro, pago um preço por isso – afinal tudo tem um preço – mas é algo que não me dói, diria que é um valor razoável no fim das contas. E que preço? Bom, em contraste com tantas “modificações felizes” eu também nunca fui tão questionada sobre a minha solidão – quantitativa solidão. Ás vezes tenho medo de perder pessoas especiais por priorizar outras coisas – mesmo sabendo que as pessoas especiais não irão embora.

Não existe mais a “senhorita popularidade” que um dia fiz questão de ser. Já não tenho qualquer prazer em desempenhar esse papel como antes. Não quero ser desejada senão por minhas idéias e nada além delas. Não faço questão de estar cercada por qualquer outra pessoa além daqueles que amo.

Pode parecer estranho, mas há algum tempo vive sob minha pele uma mulher que se assusta com multidões, que prefere o anonimato à notoriedade, que não suporta a idéia de ser objeto de cobiça para outras pessoas, que não mais se deleita com o deslumbramento das luzes da cidade... que olha o passado e acha medíocre ter se portado de uma maneira tão fútil e desajustada.

[Certo, era o que eu podia dar na época, reconheço.]

Enfim, nesse último mês eu fiz um levantamento “in locus” naqueles que foram meus palcos, vesti as fantasias de antigamente e nem mesmo o inebriar alcoólico me fez gostar do espetáculo. Aquela mistura de aromas, de vazios, sons, máscaras e maquiagem me causou náuseas... eu não consegui entender como um dia fui tão feliz ali, ou como alguém, ainda, pode ser.