2.3.07

Confidência II


Eu já não gosto mais de ouvir fado porque me lembra Portugal
Não gosto mais de olhar pra cima
Não gosto nem mesmo de Recife (?!)
Não aprecio mais o que ontem chamava de “necessária solidão”
E tudo isso porque meu egoísmo te quer por perto.

Tua presença me fez recordar o que há muito esqueci possuir
Tua ausência me dói, como dói a falta de inspiração a um artista
As estrelas me falam sobre uma realidade lusitana que não comungarei e isso me desola
Minhas introspecções incomodam se não posso partilhá-las contigo
E tudo isso porque meu egoísmo te quer por perto.

Penso em tuas palavras ao deitar, enquanto leio, enquanto escrevo, estudo, observo
Penso que seria incrível sorver a abstração do mundo antigo ao teu lado
Conhecer cidades, desvendar mistérios, culturas, histórias, valores, diferenças.
Penso que tudo isso seria possível com ou sem ti. Mas sem dúvida preferiria ao teu lado.
E tudo isso porque meu egoísmo te quer por perto.

Partilharíamos de nossas introspecções, medos, experiências, sonhos, impressões
Para cada traço celeste duas opiniões diferentes e encantadoras
Discussões acaloradas e apaixonadas sobre tudo o que se sente diante daquilo que se vê
Sobre tudo aquilo que nos é subjetivamente análogo e distinto

Sim, meu egoísmo te quer por perto.