15.7.07

Vaidade


Vaidade é o lema da vez.


Certas almas inteligentes são tão críticas acerca da própria conduta que não admitem críticas de quem quer que seja (salvo em raros casos). São seres com ótima capacidade de abstração, criatividade, argumentação, retórica, etc. Criaturas brilhantes eu diria.
Reconheço que se não encarnassem o "advogado do Diabo" seriam líderes perfeitos, verdadeiros exemplos de vida. Porém a vaidade é o lema da vez - e no caso em questão, esta se torna uma "pedra no meio do caminho".

Todos nós somos um pouco de tudo. Não é a ausência de um "pecado" que nos dá ânimo para criticá-lo, e sim sua escassa presença. A interpretação da sentença parece óbvia, certo? Acredite, não é tão evidente para todo mundo.

Ninguém está totalmente acima do bem e do mal como a maioria deveria supor. Acredito que todos nós possuímos bases tão benéficas quanto pervertidas em nossa formação de caráter. Contudo, trilhamos um caminho para preponderar uma dessas bases de acordo com o que julgamos melhor para nós. Estamos aqui para aprender com erros e acertos. E esse seria um fator comum se não houvesse uma restrição: essas pessoas.

Essas pessoas especiais não estão aqui para aprender nada que possamos ensinar. Tudo que elas aprendem provém de seus próprios ensinamentos. Elas se julgam auto-suficientes e um verdadeiro benefício para a humanidade. Não existe relação de troca com esses seres encantadores: eles ensinam, a gente escuta.

Talvez por ter essa grande responsabilidade social, falhar, independente da referência adotada, é um pecado inadmissível para os mesmos. E isso é levado tão a sério que pessoas assim optam por se enganar constantemente – além de tentar enganar os outros, claro.

Seus atos egoístas, por exemplo, passam a significar - na opinião deturpada deles claro - demonstrações de valor próprio, de caminho centrado, e até de altruísmo (?!). Críticas destrutivas e exigências desumanas tornam-se demonstrações de sinceridade, de espírito questionador, inteligência, vontade de ajudar o próximo a crescer, etc. Enfim, tudo é camuflado com a mais sutil licença poética.
Afinal de contas, eles são os melhores.

Esquecem que são seres humanos tão podres quanto nós. Emocionalmente instáveis, contraditórios, arredios, confusos e hipócritas como todos nós podemos ser, com uma diferença: eles nunca admitirão essas falhas - ou pelo menos, nunca admitirão como falhas.



"Vaidade... meu pecado favorito" . (O Advogado do Diabo)