28.2.07

Diálogo II - Colidindo com a razão

Madrugada de terça-feira, 27 de fevereiro 2007



_Existe algo estranho no reino das fadas, uma obscuridade de certo. Algo está errado, eu sei. Estás deveras contemplativa... Hm... ah claro... Ela respira profundamente e solta: _Por que não segues teu coração? Acredito, pela primeira vez, que tens a chave.

Terminada a sentença, Ela me dá as costas, ergue-se próxima à sacada e vislumbrando a noite da cidade acende uma cigarrilha.

_Incrível como teu fascínio por elas desenvolve-se labiríntico e finda antes mesmo de começar. Acolhes com a mesma facilidade com que abandonas. Tão fácil tê-las, seduzi-las, sanar suas mais esquecidas carência não é? Pudera, ofertas todas as tuas belezas, tua franqueza, tua inteligência e empatia!

Num rápido movimento Ela me observa estupefata. E eu continuo.

_Enfim, após tanta dedicação, elas te oferecem o mundo. E ao constar o quão importante es agora, do mundo ofertado não desejas mais que um grão. Elas anseiam reciprocidade, e “como mágica” tua capacidade de admiração por elas deteriora; nada tens a oferecer em troca.

Tomando a cigarrilha de suas mãos e apagando delicadamente num cinzeiro, me ponho diante Dela e olhando em seus olhos insisto.

_Receita antiga e nada original essa de seguir o coração ao se "apaixonar" não achas? Talvez isso funcione lá fora, aqui dentro, aqui onde estás, onde estamos, segui-lo seria praticamente um suicídio de tão insensato! O que tentas agora? Quer que eu siga meu coração ultra-inconseqüente para no fim das contas mostrar que tinhas razão? Quer que eu machuque outra pessoa e me machuque por um grão de afeto? De quantas outras vis maneiras ainda pretendes me testar?.

Ela olha para o chão cabisbaixa.

_Mas que semblante é esse em tua face? Seria mais um ensaio ou culpa? Ah minha cara, a culpa só te adiantaria se, no futuro, não a utilizasses também como artifício para se justificar.

_Não me venha com discursos vazios... Ela diz em tom quase inaudível.

_Eu já fiz minha escolha, finalizei. E por falar em vazio, eu sinceramente o prefiro à culpa.
Tenha uma boa Noite.