10.12.06

Insignificante



Imagino que seria de certo ultrajante iniciar uma sequência sem explicar, ainda que vagamente, o que será ilustrado nos próximos parágrafos, capítulos, ou dias. Para mim, contudo, ultraje é subestimar a capacidade de quem se permitiu deitar os olhos sobre estas linhas. Sendo assim não me farei compreender explicitamente – ou talvez sim, afinal sempre preferi beber da contradição a me fazer linear e previsível como desejam.

O que encontraremos aqui? Não faço idéia. Atenho-me simplesmente a destruir e reconstruir minhas próprias concepções, aliadas às concepções mundanas, sem grandes preocupações com o que vai ser de mim por isso, afinal: quem perderia tempo diante das palavras de alguém que talvez esteja beirando a loucura? Talvez...

Talvez: uma palavra tão relativa quanto minha crença – se é que possuo alguma. "Talvez" possua, afinal as crenças não tem prazo de vencimento e assim sendo a minha poderá expirar em alguns minutos a contar de agora... Então sim, eu tenho uma crença – agora.

Acredito estar louca. Não por ouvir vozes do além, mas por não conseguir compreender o que penso, a mim mesma. Entretanto... lembro-me de ter escutado que os loucos não admitem loucura certo? Se existe verdade nesta frase, estaria eu me utilizando de um estratagema? Fingindo ser uma louca um tanto esperta? Ou quem sabe uma "sã um tanto louca" que se diz demente para ser ouvida?


Tolice especular isso afinal: nós já ultrapassamos a relativa linha da borda: Teus olhos me acompanharam até aqui.