2.2.07

Gaveta (parte II) - o Armário


Espantou-se ao me ver repetir uma passagem que se inclinava a maldizer a necessidade de uma religião sobrepujando a ciência (racionalidade). _ "Ambas são distintas!" Retrucou com veemência. _"Não posso crer que agora andas tendenciosa a observar a vida por uma só janela?! Esqueceu a que veio? Venha, tenho o que necessitas para reavivar a memória."

Como é presunçosa essa tal "Ela"... como é adorável tê-la por perto. Desta vez o "antídoto" não estava numa gaveta, mas no alto de um armário remendando feito da mais nobre poeira de giz, também não era um livro, e sim uma anotação numa folha amarelada de um caderno qualquer.

"A César o que é de César", em caligrafia muito familiar.



_ "Escolha os olhos ao observar um quadro rapidamente. Caso queiras dar sentido sem a pretensão de estudá-lo, o coração, pois tuas próprias reminiscências definirão àquela imagem obedecendo, claro, a conveniência do que aspiras ali encontrar. Se contudo desejas questioná-lo, use o cérebro e tente ser imparcial. Percebes o que tento dizer?"


_ Não preciso adotar rigidez ao deparar com diferenças extremas. Devo sim, preservar a flexibilidade para retirar o véu da obscuridade e só a partir daí escolher dentre as inúmeras ferramentas que possuo, a mais coerente ao que me propus a fazer. Assim nasce uma perspectiva rica e ampliada de estudo, uma perspectiva alheia, de certa forma, a ignorância do sectarismo.

"A César o que é de César".



Deveria dar mais atenção as coisas que escrevo, mas assim como a maioria dos "Seus humanos" ainda peco por subestimar aquilo/aqueles que julgo conhecer bem.