5.2.07

Velhota



Acordei com vontade de montar e ouvir uma coletânea de Tony Bennett, graças, talvez, a canção no filme de ontem - The way you look tonight.

Engraçado, esses surtos nostálgicos com Ray Charles, Nat King Cole, Sinatra e outros, têm cheiro de infância para mim. Lembram a época em que meu pai era fisicamente presente.


Lembram também a época da guria sonhadora, despreocupada, mas não menos tagarela, peralta e sem sentido do que hj. Época dos arranhões nos joelhos, do rosto sujo de tinta, barro ou terra, da roupa rasgada, do sorriso desdentado, das unhas roídas, dos bilhetinhos indecifráveis – só a tia da escola sabia compreender minha letra. Do cabelo mau cortado por "mainha" (a intenção era boa, mas o talento...), da falta de vaidade, dos centavos que valiam milhões, do andar correndo na pressa de chegar até a bandeira do outro lado - que sempre foi, na verdade, uma sandália (geralmente hawaiana). Da queimada, das brincadeiras de roda, do He-Man, da Xuxa com disco voador, dos gritos por nada, cabra-cega, lendas da Comadre Fulô, Bicho papão, mula sem cabeça...


[Evidentemente, nem só de flores foi feita minha infância, mas as ervas daninhas eu descarto por hora].

É... (suspiro) bons tempos!

Nossa pareço uma velha falando.